sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Ser ou não ser nesta merda?

Sabe o que é pior nessa vida? Estar sempre querendo algo mais.

Há um ano atrás eu trabalhava num trampo chato pra caralho e fazia faculdade. Não podia largar o trampo se não teria que largar a faculdade e não podia me dedicar como queria a faculdade devido ao puta trampo chato. Mas de uma coisa eu tinha certeza: Deixaria de fumar quando eliminasse um dos dois problemas.
Pois bem, eliminei os dois e comecei a fazer um curso que sempre estive afim, e com a graça da minha santa irmã, não precisaria trabalhar, seria dedicação exclusiva. Depois do sexto mês, sem ter largado o cigarro, cheguei à conclusão de que faltava algo mais. E faltava mesmo. Sexo com amor. Faltava sexo com amor na minha vida, só assim poderia comprar a briga com o cigarro. Foi aí que comprei mais dois problemas...

Estava atirando para todos os lados, não agüentava mais a ansiedade por encontrar um par romântico, há tempos não me dedicava à arte de conquistar o outro. Avistei um rapaz do outro lado da janelinha onde entregávamos os pedidos.

- É só conferir e assinar aqui. Disse-lhe em meio tom.

Ele assinou e logo descobri o seu nome. Comecei então o jogo, coloquei as peças mais fortes ao meu favor e mirei a guarda dele. Durante uma semana começamos a trocar meias palavras, na segunda o adicionei no orkut e no msn, na terceira não agüentava mais o jogo, estava tudo muito devagar, estava pensando demais para baixar a guarda dele. Foi aí que baixei a minha e meti os pés pelas mãos. Minhas articulações estavam todas erradas e a merda no ventilador não parava de voltar na minha cara.

Num dos dias de ansiedade aguda, estava atrás de uma coca-cola para compor o meu almoço e dei de frente com o rapaz, sem que o mesmo esperasse fui logo perguntando como fazia para comprar uma coca-cola no recinto já que também era produto da casa e rolava toda uma burocracia para nós internos adquirirmos. Já cheguei falando e o moço não esperava, ao longo dos seus 19 anos não devia estar acostumado com encalhadas de 25 e levou um puta susto, mal conseguiu me explicar que ele mesmo também não sabia onde nem como comprar a porra da coca-cola, mas àquela altura não consegui registrar mais nada, meu juízo parou no susto que ele levou e na cara de desespero que fez quando me viu falando diante dele. Não era desespero de quando estamos tímidos e não organizamos direito as idéias, era o desespero típico de quando não queremos algo que está na iminência de acontecer. Ele temeu que fosse me declarar ou chama-lo para sair, ou coisa do tipo, mas eu só queria uma coca-cola. Senti-me uma psicopata e ele a vítima. Durante uma hora não consegui organizar nada na minha cabeça, só queria um buraco para me enfiar. Logo eu que achei que a partida estava ganha devido ao fato de ser mais madura que ele. Em menos de 24 horas levei o “tipo, não rola e tal” mais surreal dos últimos dias.

Mas não era o primeiro nem seria o último, avancei demais no jogo enquanto o adversário já tinha a sua jogada articulada, ensaiada e bem resolvida. Perdi, mas um dia paro de fumar!